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Francisco José Costa dos Santos

Cadeira número 04
Patrono: Francisco Agripino de Alcaniz
(Chico Traíra)
Produção Literária do Acadêmico

Assu

 

Meu Assu de ricos encantos

De passado glorioso e futuro incandescente

Dormitam, na história,

os teus heróis

Que ajudam a construir o presente.

 

Meu Assu de tanta poesia

Que retrata os teus encantos

Teu povo respira a cultura

Que renasce em todo canto

 

Meu Assu de tantas marcas

Teus passos são, do futuro, o norte

Tuas novas gerações serão

O celeiro cultural do Rio Grande do Norte

Cantos e encantos do meu lugar

 

Já dizia o poeta:

Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá,

Mas também canta canário, concriz e golinhas a piar

Canta galo, canta galinha e Manoel Raposo a cantar

De jeito meio jocoso, nas noites do meu lugar.

Canta o rio sereno, no seu leito a dormitar

Enquanto não vem a cheia que faz a barragem transbordar

Canta Gilmar, Guilherme e Glorinha para todos encantar,

Canta Deusneide e Silvana, está Allan Dantas a cantar

Tem canto por todo lado, deste Assú que é meu lugar.

Vejo Delzi Campelo o seu sax a tocar,

Em notas harmoniosas que se perdem pelo ar,

Juquinha com sua flauta vem o povo abrilhantar,

A banda Cristovão Dantas já está tomando lugar,

E no centro do Assú a festa vai começar.

Canta também Ajezano, com seu violão a soar

Em notas harmoniosas, de amor ao meu lugar

Canta as árvores, canta o vento, canta pássaros a murmurar

Dizendo que nada mais belo há

Que o cantar do meu lugar.

Produção Literária do Patrono

A FEIRA

 

É sábado, amanhece o dia

Chegam primeiro os feirantes

Loroteiros, arrogantes

Arrumam as mercadorias.

Mais tarde vem os feireiros

Sempre em grupos separados

Ainda desconfiados

Com as sacolas vazias.

 

Grita logo um barraqueiro:

“- Olha aqui feijão novinho

Tem enxofre e mulatinho

Tem o preto e o macaça

Esse amarelinho é bom

O pintado é um azeite

Se quer levar aproveite

Que hoje é quase de graça”.

 

Muitos trazem pra vender

Couro de bode, algodão,

Batata, milho verde e feijão,

Porco, carneiro e peru,

Depois que terminam as vendas

Se reúnem, vão beber,

As mulheres vão comer

Pé-de-moleque e angu.

 

Entra um rebanho no bar,

Lá já tem outra patota,

Ali começa a lorota

Pois o prazer é profundo.

Tomam a primeira dosagem

Logo após, outra bicada,

Com a terceira rodada,

Haja mentira no mundo.

 

Diz um, nunca me faltou

Dinheiro pra brincar

Quando eu quero vadiar

Boto a sela no jumento.

Responde outro, melado

Eu juro no evangelho

Que no meu cavalo velho

Derrubo até pensamento.

 

Grita um mais exaltado

Comigo não tem ladeira

Eu topo toda zonzeira

Toda brincadeira é festa.

Grita outro, eu também sou

Osso duro de roer

Quem quiser venha saber

Um velho pra quanto presta.

 

A coisa está esquentando

Vai acabar o zum-zum

Chega a mulher de um

Do outro chega a esposa

Com pouco o filho do outro

Chega pra dar o recado

“- Mamãe está no mercado

Vamos comprar qualquer coisa”.

 

O vendedor de galinha

Fala alto, “aqui freguês

Essa galinha pedrês

É pesada de gordura,

Esse pescoço pelado

É boa pra criar,

Eu garanto ela botar

Cem ovos numa postura.

 

Um galo velho surú

Pra cantar não tem mais som

O vendedor diz “É bom!

Pode levar que é novinho.

Esse galo, meu amigo,

Ainda tem outra coisa

Tem dado surra em raposa

Que ela perde o caminho.

 

“- Olha a ovelhinha gorda!”

Gritam lá na criação

Grita o do porco “O leitão

É novinho, cavalheiro”!

O velho que está melado

Não presta muita atenção,

No porco compra barrão;

No bode, pai de chiqueiro.

 

Na carne de gado mostram

Uma manta do pescoço

“- Aqui é carne sem osso,

Compra boa, quem conhece!”

A carne velha encardida

Como que foi de murrinha

Na panela não cozinha

Na brasa não amolece.

 

Aquele que se entreteu

Na birita o dia inteiro

Acabou todo o dinheiro

Passou o tempo e não viu

Ficou sem nenhum tostão

No bolso da velha calça

O que sobrou da cachaça

O pife-pafe engoliu.

 

Arranja uma confusão

Quase ao morrer do dia

Vai para a delegacia

Para um repouso forçado

Coitado, caiu à crista.

De manhã faz a faxina

Inda vai dar entrevista

Com o doutor delegado.

Vertigens

 

Loucos sonhos que pairam nas loucas horas do dia,

Trazem devaneios loucos sem norte e sem guia,

Com vertigens adolescentes e arroubos que eu mesmo fazia.

 

Loucos sonhos, loucos dias, loucas horas de minha cria,

Indolentes viagens que faço ao passo de cada dia,

Varando as noites frias em sonhos loucos que fazia.

 

Loucos sonhos de mim mesmo, sem rumo, sem rima e sem guia,

Serenos loucos sonhos que um louco sempre envia,

Rondando a cada passo as vertigens do meu dia.

     Nasceu no Sítio Pau de Jucá, em Ipanguaçu-RN, a 08.01.1926, segundo o registro oficial (consta que, na verdade, terá sido em 1922). Desde muito cedo despertou dentro de si o gosto pela cultura, em especial a cultura nordestina. Relatos colhidos com familiares informam que ainda menino Chico Traíra era presença obrigatória nas rodas de viola da época.

     O apelido de Traíra veio por legado de família e acabou se confirmando culturalmente em função de suas tiradas sempre espirituosas. Nas cantorias de viola ninguém jamais conseguiu derrotá-lo na rima e se dizia que ele era escorregadio tal como uma traíra, daí a confirmação do apelido que lhe acompanhou por toda a vida e pela eternidade literária.

     Cantador e repentista famoso, com um ciclo de amizades de destacada atuação nacional, como é o caso de Patativa do Assaré, de quem foi contemporâneo e amigo intimo, abandonou a viola em virtude de distúrbios pulmonares, recorrendo então ao folheto de cordel como meio de sobrevivência. Desenvolveu sua arte não só nas feiras livres, nas cidades e vilas disseminadas pelos sertões afora e participou de dezenas de encontros e congressos de violeiros.

 

ASSU

 

O Assú envelhecendo
Com o seu tesouro imerso
Abre a fonte do progresso
Cumpre a ordem de Deus pai,
Teu nome quer dizer grande,
A tua história tem brilho,
Assú de João Celso Filho
Crescei e multiplicai. 

 

 

Nas tuas várzeas a brisa
Balança tuas palmeiras,
Das tuas carnaubeiras
Muita riqueza se extrai;
As tuas belas paisagens
Ao longe deslumbra a vista,
Assú de São João Batista
Crescei e multiplicai. 

     Francisco José Costa dos Santos, assuense, professor, poeta e pesquisador da área de linguagens, nasceu em 06 de agosto de 1962. É filho de Júlio Saraiva dos Santos e da professora Maria do Socorro Santos. É licenciado em Letras com habilitação em Língua Inglesa e especialista em Ensino de Língua Inglesa, ambos pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, é mestre em estudos da linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Doutorando em Ciências da Educação pela Universidade Interamericana de Assunção – Paraguai.

     Publicou quatro livros no campo da Linguística pela Editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores – Rio de Janeiro. Tem no prelo a obra Retalhos de Mim na qual retrata, poeticamente, a cidade do Assu, entre outras abstrações. Músico, teatrólogo, poeta e amante da cultura.

     É casado com a professora Vera Lúcia da Silva Costa com quem tem um filho chamado Fábio Augusto Silva Costa. Ocupa, nesta academia, a cadeira de número 4 sob o patronato de Francisco Agripino de Alcaniz (Chico Traíra).

Insano Coração

 

Ah! Meu insano coração

Que se apaixona tão facilmente

Aflora minha emoção

E me faz chorar lentamente

 

Ah! Meu insano coração

Que devaneios mil constrói

Que se afasta da mais pura razão

E não percebe que em mim é que dói

 

Ah! Meu insano coração

Que dia após dia sonha

E depois me joga no chão

Como um ser que do amor apanha

 

Ah! Insano coração

Que vagueia por estrada afora

Mas não tem conformação

Quando o amor vai embora.

Clique AQUI para fotos da participação do Acadêmico em Eventos Culturais

Rotas

 

As ruas do meu Assu
São tão ricas de história
Trazem sempre em cada esquina
Pequenos traços de glória

Cada rua em que passo
Traz a tona encantos mil
Que te colocam meu Assu
No rico cenário do Brasil

A velha rua do córrego
Palco de minha infância
Me revela em cada espaço
O tempo que fui criança.

União, unificação, ação

Três pontos de um mesmo rol

A FEB com a batuta da razão

As federativas, ilumina como um sol

 

Nos 90  anos da FERN

Queremos a todos saudar

Pelo trabalho, que a nós concerne

Assumir, viver e executar

 

Queridos de Jesus, sem fronteiras

Que nos ama e a todos nos conduz

Ergamos do trabalho, a bandeira

De amor, fraternidade e luz

 

De Alagoas, da Bahia, Paraíba

De Sergipe, Piauí e Maranhão

Pernambuco, Ceará todos na lida

À nonagenária FERN nossa SAUDAÇÃO.

                                                         Francisco Costa (RN) e Edinólia (BA)

FERN 90 ANOS

AMIGOS

(Inspirado pela poetisa Angelina Luiza)

 

Era eu e o cachorro

Era o cachorro e eu

Parceiros de amizade

Que a mim fortaleceu

 

Amigos são partes comuns

Que nos ajudam a descobrir

Outros campos cheios de sonhos

E ver a vida florir

 

Era eu e o cachorro

Era o cachorro e eu

Nada mais que grandes amigos

Vencendo, unidos, o tempo ateu.     

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