ACADEMIA ASSUENSE DE LETRAS
Tradição Cultural
Fundada em 23 de Janeiro de 2015
CNPJ. 22.940.540/0001-98
Tel: (84) 999131610 CEP 59.60-000
Francisco José Costa dos Santos
Cadeira número 04
Patrono: Francisco Agripino de Alcaniz
(Chico Traíra)
Produção Literária do Acadêmico
Assu
Meu Assu de ricos encantos
De passado glorioso e futuro incandescente
Dormitam, na história,
os teus heróis
Que ajudam a construir o presente.
Meu Assu de tanta poesia
Que retrata os teus encantos
Teu povo respira a cultura
Que renasce em todo canto
Meu Assu de tantas marcas
Teus passos são, do futuro, o norte
Tuas novas gerações serão
O celeiro cultural do Rio Grande do Norte
Cantos e encantos do meu lugar
Já dizia o poeta:
Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá,
Mas também canta canário, concriz e golinhas a piar
Canta galo, canta galinha e Manoel Raposo a cantar
De jeito meio jocoso, nas noites do meu lugar.
Canta o rio sereno, no seu leito a dormitar
Enquanto não vem a cheia que faz a barragem transbordar
Canta Gilmar, Guilherme e Glorinha para todos encantar,
Canta Deusneide e Silvana, está Allan Dantas a cantar
Tem canto por todo lado, deste Assú que é meu lugar.
Vejo Delzi Campelo o seu sax a tocar,
Em notas harmoniosas que se perdem pelo ar,
Juquinha com sua flauta vem o povo abrilhantar,
A banda Cristovão Dantas já está tomando lugar,
E no centro do Assú a festa vai começar.
Canta também Ajezano, com seu violão a soar
Em notas harmoniosas, de amor ao meu lugar
Canta as árvores, canta o vento, canta pássaros a murmurar
Dizendo que nada mais belo há
Que o cantar do meu lugar.
Produção Literária do Patrono
A FEIRA
É sábado, amanhece o dia
Chegam primeiro os feirantes
Loroteiros, arrogantes
Arrumam as mercadorias.
Mais tarde vem os feireiros
Sempre em grupos separados
Ainda desconfiados
Com as sacolas vazias.
Grita logo um barraqueiro:
“- Olha aqui feijão novinho
Tem enxofre e mulatinho
Tem o preto e o macaça
Esse amarelinho é bom
O pintado é um azeite
Se quer levar aproveite
Que hoje é quase de graça”.
Muitos trazem pra vender
Couro de bode, algodão,
Batata, milho verde e feijão,
Porco, carneiro e peru,
Depois que terminam as vendas
Se reúnem, vão beber,
As mulheres vão comer
Pé-de-moleque e angu.
Entra um rebanho no bar,
Lá já tem outra patota,
Ali começa a lorota
Pois o prazer é profundo.
Tomam a primeira dosagem
Logo após, outra bicada,
Com a terceira rodada,
Haja mentira no mundo.
Diz um, nunca me faltou
Dinheiro pra brincar
Quando eu quero vadiar
Boto a sela no jumento.
Responde outro, melado
Eu juro no evangelho
Que no meu cavalo velho
Derrubo até pensamento.
Grita um mais exaltado
Comigo não tem ladeira
Eu topo toda zonzeira
Toda brincadeira é festa.
Grita outro, eu também sou
Osso duro de roer
Quem quiser venha saber
Um velho pra quanto presta.
A coisa está esquentando
Vai acabar o zum-zum
Chega a mulher de um
Do outro chega a esposa
Com pouco o filho do outro
Chega pra dar o recado
“- Mamãe está no mercado
Vamos comprar qualquer coisa”.
O vendedor de galinha
Fala alto, “aqui freguês
Essa galinha pedrês
É pesada de gordura,
Esse pescoço pelado
É boa pra criar,
Eu garanto ela botar
Cem ovos numa postura.
Um galo velho surú
Pra cantar não tem mais som
O vendedor diz “É bom!
Pode levar que é novinho.
Esse galo, meu amigo,
Ainda tem outra coisa
Tem dado surra em raposa
Que ela perde o caminho.
“- Olha a ovelhinha gorda!”
Gritam lá na criação
Grita o do porco “O leitão
É novinho, cavalheiro”!
O velho que está melado
Não presta muita atenção,
No porco compra barrão;
No bode, pai de chiqueiro.
Na carne de gado mostram
Uma manta do pescoço
“- Aqui é carne sem osso,
Compra boa, quem conhece!”
A carne velha encardida
Como que foi de murrinha
Na panela não cozinha
Na brasa não amolece.
Aquele que se entreteu
Na birita o dia inteiro
Acabou todo o dinheiro
Passou o tempo e não viu
Ficou sem nenhum tostão
No bolso da velha calça
O que sobrou da cachaça
O pife-pafe engoliu.
Arranja uma confusão
Quase ao morrer do dia
Vai para a delegacia
Para um repouso forçado
Coitado, caiu à crista.
De manhã faz a faxina
Inda vai dar entrevista
Com o doutor delegado.
Vertigens
Loucos sonhos que pairam nas loucas horas do dia,
Trazem devaneios loucos sem norte e sem guia,
Com vertigens adolescentes e arroubos que eu mesmo fazia.
Loucos sonhos, loucos dias, loucas horas de minha cria,
Indolentes viagens que faço ao passo de cada dia,
Varando as noites frias em sonhos loucos que fazia.
Loucos sonhos de mim mesmo, sem rumo, sem rima e sem guia,
Serenos loucos sonhos que um louco sempre envia,
Rondando a cada passo as vertigens do meu dia.
Nasceu no Sítio Pau de Jucá, em Ipanguaçu-RN, a 08.01.1926, segundo o registro oficial (consta que, na verdade, terá sido em 1922). Desde muito cedo despertou dentro de si o gosto pela cultura, em especial a cultura nordestina. Relatos colhidos com familiares informam que ainda menino Chico Traíra era presença obrigatória nas rodas de viola da época.
O apelido de Traíra veio por legado de família e acabou se confirmando culturalmente em função de suas tiradas sempre espirituosas. Nas cantorias de viola ninguém jamais conseguiu derrotá-lo na rima e se dizia que ele era escorregadio tal como uma traíra, daí a confirmação do apelido que lhe acompanhou por toda a vida e pela eternidade literária.
Cantador e repentista famoso, com um ciclo de amizades de destacada atuação nacional, como é o caso de Patativa do Assaré, de quem foi contemporâneo e amigo intimo, abandonou a viola em virtude de distúrbios pulmonares, recorrendo então ao folheto de cordel como meio de sobrevivência. Desenvolveu sua arte não só nas feiras livres, nas cidades e vilas disseminadas pelos sertões afora e participou de dezenas de encontros e congressos de violeiros.
ASSU
O Assú envelhecendo
Com o seu tesouro imerso
Abre a fonte do progresso
Cumpre a ordem de Deus pai,
Teu nome quer dizer grande,
A tua história tem brilho,
Assú de João Celso Filho
Crescei e multiplicai.
Nas tuas várzeas a brisa
Balança tuas palmeiras,
Das tuas carnaubeiras
Muita riqueza se extrai;
As tuas belas paisagens
Ao longe deslumbra a vista,
Assú de São João Batista
Crescei e multiplicai.
Francisco José Costa dos Santos, assuense, professor, poeta e pesquisador da área de linguagens, nasceu em 06 de agosto de 1962. É filho de Júlio Saraiva dos Santos e da professora Maria do Socorro Santos. É licenciado em Letras com habilitação em Língua Inglesa e especialista em Ensino de Língua Inglesa, ambos pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, é mestre em estudos da linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Doutorando em Ciências da Educação pela Universidade Interamericana de Assunção – Paraguai.
Publicou quatro livros no campo da Linguística pela Editora Câmara Brasileira de Jovens Escritores – Rio de Janeiro. Tem no prelo a obra Retalhos de Mim na qual retrata, poeticamente, a cidade do Assu, entre outras abstrações. Músico, teatrólogo, poeta e amante da cultura.
É casado com a professora Vera Lúcia da Silva Costa com quem tem um filho chamado Fábio Augusto Silva Costa. Ocupa, nesta academia, a cadeira de número 4 sob o patronato de Francisco Agripino de Alcaniz (Chico Traíra).
Insano Coração
Ah! Meu insano coração
Que se apaixona tão facilmente
Aflora minha emoção
E me faz chorar lentamente
Ah! Meu insano coração
Que devaneios mil constrói
Que se afasta da mais pura razão
E não percebe que em mim é que dói
Ah! Meu insano coração
Que dia após dia sonha
E depois me joga no chão
Como um ser que do amor apanha
Ah! Insano coração
Que vagueia por estrada afora
Mas não tem conformação
Quando o amor vai embora.
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Rotas
As ruas do meu Assu
São tão ricas de história
Trazem sempre em cada esquina
Pequenos traços de glória
Cada rua em que passo
Traz a tona encantos mil
Que te colocam meu Assu
No rico cenário do Brasil
A velha rua do córrego
Palco de minha infância
Me revela em cada espaço
O tempo que fui criança.
União, unificação, ação
Três pontos de um mesmo rol
A FEB com a batuta da razão
As federativas, ilumina como um sol
Nos 90 anos da FERN
Queremos a todos saudar
Pelo trabalho, que a nós concerne
Assumir, viver e executar
Queridos de Jesus, sem fronteiras
Que nos ama e a todos nos conduz
Ergamos do trabalho, a bandeira
De amor, fraternidade e luz
De Alagoas, da Bahia, Paraíba
De Sergipe, Piauí e Maranhão
Pernambuco, Ceará todos na lida
À nonagenária FERN nossa SAUDAÇÃO.
Francisco Costa (RN) e Edinólia (BA)
FERN 90 ANOS
AMIGOS
(Inspirado pela poetisa Angelina Luiza)
Era eu e o cachorro
Era o cachorro e eu
Parceiros de amizade
Que a mim fortaleceu
Amigos são partes comuns
Que nos ajudam a descobrir
Outros campos cheios de sonhos
E ver a vida florir
Era eu e o cachorro
Era o cachorro e eu
Nada mais que grandes amigos
Vencendo, unidos, o tempo ateu.