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ENSV é homenageado pela AAL pelos 90 anos de existência

Em um discurso apaixonado e apaixonante, o acadêmico Fernando Antonio de Sá Leitão Morais enalteceu os 90 anos de existência do Educandário Nossa Senhora das vitórias. Visivelmente emocionado o ocupante da cadeira de número 07 da Academia Assuense de Letras traçou um percurso história da instituição de ensino e sua relevante contribuição para a educação do Assú e do rio Grande do Norte. 

Leia abaixo o discurso do acadêmico

HOMENAGEM AO EDUCANDÁRIO NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS PELA EFEMÉRIDE DOS 90 ANOS

 

Excelentíssimas senhoras e senhores,

Boa noite!

 

É com emoção e alegria que, nesta noite, damos seguimento as celebrações deste egrégio Educandário de saberes, de luzes e de Vitórias.

Foi em meados do início da década de 1920, período de efervescência política, econômica, social e cultural, que este próspero torrão se encontrava em pleno desenvolvimento material e populacional, conforme relatado por Pedro Amorim em relevante obra de sua autoria, O município de Assú (1929):

“Nos seus férteis solos se plantava o algodão, se constituindo um dos maiores produtores do Estado desse gênero de cultura. Era um dos municípios sertanejos mais favoráveis na indústria de criação de gado e na extração de carnaúba.”

Ainda ancorado em seus dizeres, “a cidade sentia a necessidade de um estabelecimento de ensino, que estivesse à altura do desenvolvimento econômico e cultural que pretendia alcançar”. Não se compreendia o avanço urbanístico e econômico sem a presença de uma escola moderna, de acordo o ideário formativo da época. Foi, então, lançada por Palmério Filho, patrono da cadeira 01 da Academia Assuense de Letras, renomado jornalista, orador, poeta e ativista social daqueles dias, a ideia de construir um estabelecimento de ensino religioso para as meninas.

Em 03 de Julho de 1922, aconteceu a primeira reunião para a construção do colégio, que logo foi denominado de Nossa Senhora das Vitórias. A comissão era composta por intelectuais como Monsenhor Joaquim Honório da Silveira, Pedro Amorim (patrono da cadeira 19) e Ernesto Emilio da Fonseca, que colaboraram na construção da instituição.

Por ocasião das festividades do centenário da independência, em 7 de setembro de 1922, foi colocada a pedra fundamental da construção do Colégio, como registra o semanário A Cidade, jornal mais antigo do interior do estado, dirigido por Palmério Filho e seus irmãos Otávio e Francisco Amorim (cadeira 03).

Na sua edição 17 do referido mês, fazendo um minucioso relato das comemorações, assim se expressou:

“Às 16 horas começou a fluir à Praça da Independência, hoje praça do Rosário, o povo que ali ia tomando parte a se incorporar ao grande cortejo que dali partiria para a Praça Augusto Severo, onde teria lugar o lançamento da primeira pedra do Colégio Nossa Senhora das Vitórias.”

Para assumir a responsabilidade de administrar o funcionamento do Colégio, o Bispo Diocesano, Dom José Pereira Alves, ficou encarregado de selecionar uma ordem religiosa. Em 11 de Julho de 1926, recebia o jornal A Cidade, um telegrama avisando que Dom José Pereira Alves obteve da Congregação Filhas do Amor Divino a aceitação da direção do Colégio.

A Congregação das Filhas do Amor Divino foi fundada em 21 de novembro de 1868, em Viena/Áustria pela Madre Francisca Lechner.

Em 9 de Março de 1927, inaugurou-se a tão esperada instituição educativa com o nome de Colégio Nossa Senhora das Vitórias, fincando raízes em nosso solo, que se aprofundariam e alimentariam o nosso povo de saber e moral cristã.

Noventa anos se passaram daquela efeméride, e hoje são médicos, dentistas, advogados, engenheiros das mais diversas áreas, arquitetos, contabilistas, administradores, economistas, sociólogos, pedagogos, bacharéis em Letras, políticos, empresários, jornalistas, artistas, mas, sobretudo, cidadãs e cidadãos de bem, que tiveram suas vidas tocadas pelo carinho e pelo cuidado destes abnegados corações.

Tenho a honra e alegria de também ser filho deste Educandário, onde por 11 anos fui educando de almas sábias e generosas, como Irmã Silvéria, Irmã Praxedes, Irmã Maria, Irmã Evangelista, Irmã Miquelina, Irmã Terezinha, Irmã Ernestina e Irmã Anízia. E de mestras honradas como Josélia Soares, Willima Barbosa, Emília Leite, Iolanda Ferreira, Socorro Rodrigues e Lúcia Guimarães.

            O passado, o presente e o futuro desta instituição se sustentam, no nosso entendimento, em dois sólidos pilares: primeiro, o projeto pedagógico claro na concepção das pioneiras mestras sobre o objeto social, desde os primeiros tempos, na formulação do currículo disciplinar, fundamentando base educacional firme para grandes profissionais do fututo. O segundo pilar, o ensinamento da moral cristã, por excelência purificada, livre dos preceitos e preconceitos que impedem a marcha da humanidade para a consecução dos seus projetos grandiosos de fraternidade e paz.

Dessa maneira, esse continuum “espaço-tempo” se manifesta em indelével legado formativo que nossas gerações construíram no Educandário Nossa Senhora das Vitórias, tornando-se presente em nossas subjetividades, ações, crenças e valores apreendidos nesse espaço educativo pelas mãos das Filhas do Amor Divino.

Nosso sentimento é de profunda gratidão, pelos ensinamentos que transcenderam as ementas formais, forjando em nossa intimidade a armadura da fé, o bastão da temperança e a “água-viva” do amor.

São 90 anos que celebram a esperança que se renova nos rebentos que dão seguimento a este Educandário de Luz: Sagrada oficina para as edificações definitivas do Espírito, inacessíveis às transformações da matéria, perante o infinito.

Salve! Assú!

Salve! Educandário Nossa Senhora das Vitórias!

Fernando Antonio de Sá Leitão Morais

Membro-fundador da Academia Assuense de Letras

Cadeira 07 – Patrona Silvia Filgueira de Sá Leitão

 

Assú (RN), 10 de março de 2017.

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